— Mas o que é uma batalha de poder?

— O mundo é um mistério. Isto, o que você está olhando, não é tudo o que existe. O mundo é muito mais vasto que isso, tão mais, na verdade, que chega a ser infindável. Por isso, quando mais você tenta decifrá-lo, só o que faz é tentar tornar o mundo dentro dos padrões conhecidos. Nós estamos bem aqui, no mundo em que você chama de real, apenas porque nós dois o convencionamos como conhecido.. Você não conhece o mundo do poder e, portanto, não o pode transformar numa cena conhecida. Uma batalha de poder o mundo desmorona e você estará presenciando outra cena que não pode rotular como do mundo conhecido, embora alguns elementos lhe pareçam familiares. E a fim de viajar por trilhas desconhecidas e arriscadas numa batalha de poder é evidente que a pessoa tenha suficiente poder.

— O que acontece quando a pessoa não tem suficiente poder?

— A morte está sempre a espreita, e quando o poder do guerreiro definha, a morte simplesmente o toca. Assim, aventurar-se pelo desconhecido de modo auto-convencido, sem poder, é burrice. A pessoa só encontrará a morte. E, ao contrário, seguindo com suficiente impecabilidade os passos do poder, a despeito da burrice, armazenando poder suficiente, um dia o poder pessoal fará o mundo se desmoronar. poderá chegar a VER e fazer parar o mundo.

— Mas por que alguém haveria de querer ´parar o mundo´?

— Sabe, uma das artes de ser um guerreiro tolteca é fazer o mundo desmoronar por um motivo específico e, depois, tornar a restaurá-lo a fim de continuar a viver. Já lhe ensinei quase tudo o que um guerreiro precisa saber para sair pelo mundo e armazenar sozinho o poder. Mas sei que você não é capaz de fazer isso e tenho de ter paciência com você. Sei, por experiência, que é uma luta da vida toda ficar-se sozinho no mundo do poder.

(Carlos Castañeda, Viagem a Ixtlan)
(Compartilhado por Dinarte no grupo Nagualidade)

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