“— Nunca fiz restrições às conversa — disse ele. — Podemos falar sobre o nagual o quanto quiser, contanto que não tente explicá-lo. Se você se recorda, eu disse que o nagual é só para ser presenciado. Assim, podemos conversar sobre o que presenciamos e como o presenciamos. Mas você quer ter a explicação de como isso tudo é possível, e isso é uma abominação. Você quer explicar o nagual pelo tonal. É estupidez, especialmente em seu caso, pois você não pode mais se esconder por trás de sua ignorância. Sabe perfeitamente que só fazemos sentido ao falar porque ficamos dentro de certos limites, e esses limites não se aplicam ao nagual. (…)
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Tentei esclarecer o assunto. Não era só que eu quisesse explicar tudo de um ponto de vista racional, mas que minha necessidade de explicar provinha de minha necessidade de manter ordem no meio dos tremendos assaltos de estímulos e percepções caóticos que eu tivera.
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— Você sabe perfeitamente que está se entregando. Manter a ordem significa ser um tonal perfeito e ser um tonal perfeito significa estar consciente de tudo o que acontece na ilha do tonal. Mas você não o é. Portanto seu argumento sobre manter a ordem não tem fundamento. Você só o utiliza para vencer uma discussão.
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Eu não sabia o que dizer. Dom Juan procurou consolar-me esclarecendo que era preciso uma luta gigantesca para limpar a ilha do tonal. ”

(Porta para o Infinito, Carlos Castañeda)

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