“Estarmos divididas é a nossa condição humana”, admitiu ela. “Mas nossa divisão não está entre a mente e o corpo, e sim entre o corpo, que abriga a mente ou o eu, e o duplo, que é o receptáculo da nossa energia básica.”

Ela disse que, antes do nascimento, a dualidade imposta pelo ser humano não existe, mas que, desde o nascimento, as duas partes são separadas pela atração da intenção da humanidade. Uma parte gira para fora e se torna o corpo físico: a outra, para dentro e se torna o duplo. Na morte, a parte mais pesada, o corpo, retorna à terra para ser absorvida por ele, e a parte leve, o duplo, torna-se livre. Mas, infelizmente, uma vez que o duplo nunca foi aperfeiçoado, experimenta a liberdade por apenas um instante, antes de ser espalhado pelo universo.

“Se morrermos sem apagar nosso falso dualismo de corpo e mente, morremos uma morte comum”, disse ela.

“Como mais podemos morrer?”

Clara olhou para mim com uma sobrancelha levantada. Ao invés de responder a minha pergunta, ela revelou em um tom confiante que nós morremos porque a possibilidade de que pudéssemos ser transformadas não entrou em nossa concepção. Ela enfatizou que esta transformação deve ser realizada durante a nossa vida e que ter sucesso nesta tarefa é o único propósito verdadeiro que um ser humano pode ter. Todas as outras realizações são transitórias, já que a morte as dissolve no nada. “

(Travessia das Feiticeiras, Taisha Abelar)

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