Os seres humanos costumavam até recentemente receber, no seu dia a dia, mídias que reforçavam uma visão de mundo linear.
Onde aquilo que era mostrado nas imagens e vídeos eram sempre cenas que reafirmavam uma descrição previsível de realidade. Por mais que houvessem notícias um pouco mais surpreendentes, elas sempre eram de certa forma coerentes e lógicas com aquilo que já era conhecido.
E aquelas que traziam visões não-lineares – em filmes e séries – tinham ainda assim, quase sempre, a narrativa condicionada por interesses financeiros, reforçando certas descrições sobre a realidade.
Mas, em cerca de dois anos, a capacidade de produção das IAs programáveis deu um salto de realismo. E de repente, pessoas comuns estão tendo a possibilidade de gerar e receber, em suas redes sociais, imagens e até mesmo vídeos realistas trazendo uma diversidade de situações não-lineares.
Estamos chegando em um limiar onde a imaginação humana está tendo a possibilidade de promover estímulos não-lineares dentro do cotidiano.
De trazer mais facilmente novas imagens do desconhecido para dentro do conhecido.
E onde a capacidade de gerar vídeos realistas, que até então costumava ter a narrativa controlada por grandes estúdios e a serviço de interesses financeiros, agora também começa a se colocar a serviço da liberdade imaginativa – em diversas direções. Com o impacto de criar vídeos tão realistas que seja cada vez mais desafiador distinguir o queé linear do que é sonho. E isso irá fazer com que as pessoas questionem ou no mínimo flexibilizem a própria certeza delas sobre a realidade.
Isso tudo é um movimento que leva à soltura do ponto de encaixe e da narrativa de realidade.
E o efeito disso é promover uma aceleração da mudança de ponto de encaixe coletiva.
De forma geral, de um lado, terão pessoas que irão gerar e consumir conteúdos e mídias produzidos por IAs programáveis pra acelerar o alinhamento de novas versões apocalípticas de realidade cada vez mais baseadas em medos e desejos oriundos de medos inconscientes.
E por outro, terão as pessoas que irão gerar e consumir conteúdos e mídias pra acelerar a sensibilização de sua consciência à existência de outras posições de ponto de encaixe, realidades paralelas. Tornando, assim, seus tonais mais flexíveis e maleáveis para experienciar um novo consenso de maior integração tonal-nagual.
Ambas as direções e respectivas posições já existem.
Pra onde cada um irá seguir depende sempre, única e exclusivamente do próprio intento aqui e agora.
Os contrastes tão intensos que hoje percebemos acontecendo a nível coletivo são uma oportunidade.
A oportunidade de fazermos a nossa escolha tão conscientemente quanto possível.
Jeremy Christopher