“Não recomendo a leitura deste texto a quem começou a caminhada recentemente, a não ser como se lê um mapa para ser descartado. Para os mais avançados, recomendo a leitura como a leitura e reconhecimento do mapa que existe em si mesmo.

Apenas o vidente entende o nagual e o tonal,
as duas forças essenciais que nos compõe,
ou dizendo de outra forma,
ver é ver o tonal e ver o nagual no instante. Não explica, mas entende.
Por isso dom Juan insistiu muitas vezes para que Castañeda não acreditasse ter entendido o nagual (e nem mesmo o tonal, como revelou mais tarde) porque tudo que estava fazendo era tirar um elemento da ilha, uma experiência, um conceito, uma sensação, para tentar explicar o nagual ou o tonal com ela.

O fim sempre esteve aí, o fim não é uma novidade
O fim sempre esteve a um braço de distância
a medida exata do diâmetro do ovo luminoso
A morte não está apenas à esquerda
O fim está a te rodear por todos os lados aquieagora
Ali onde termina a existência
Não a infinita existência da nossa imaginação
Mas a existência que é o ovo luminoso que contém toda a existência
esse fim é lugar-nenhum e a isso,
ou a essa ausência de isso,
se aponta como nagual.
Não é preciso esforço nenhum para ver o nagual.
No entanto, a 1a atenção se habituou tanto a focalizar elementos dentro da ilha do tonal que se torna na prática impossível permitir que a atenção chegue até ele, retorne até ele

Um jeito progressivo para ver o nagual é tomando posse da totalidade do seu tonal. Um desafio que pode tomar toda uma vida, se alimentarmos a importância que damos à nossa forma, ou apenas a fração de um instante no puro entendimento.

O entendimento de que você é o a totalidade do tonal incondicionalmente e sem esforço algum.

O esforço surge apenas na ilusão da forma humana, que tenta se expandir até os limites do tonal.
A existência, o ser, a vida, a consciência, a percepção, Eu, A luz:
ela é uma só
Ela é o ovo luminoso
o campo perceptivo
que possui dentro de si uma pessoa
Um personagem
Uma história
Uma ficção bem, e mal, intencionada
Essa ficção é a matrix, é o passado, é a experiência humana,
é a mente, é satanás, é o ego, a serpente de mil línguas
é todos os papeis que vestimos enquanto tonais pessoais,
sejam eles bem ou mal intencionados, mais ou menos eruditos, mais ou menos poderosos.

O Ponto de Encaixe caiu vítima de suas próprias criações
e acreditou ter encarnado este personagem, assumindo a forma humana
mas chegará um momento em que haverá de revindicar
seu direito de ser um Corpo Luminoso puro e simplesmente

A Consciência vem de dentro do nagual
O tonal unificado e o nagual não são algo que se adquire
São a condição permanente da percepção

Pode se dizer que a grande conquista dos homens e mulheres de poder é terem adquirido aquilo que sempre tiveram
E se admirarem com o fato de encontrarem o incomensurável em algo cujo valor aos olhos da sociedade é nulo
Enquanto os guerreiros lutam por se fortalecer para aprender a se reduzir de suas cargas
E as pessoas lutam para adquirir aquilo que nunca poderão ter de forma permanente

Guerreiro, talvez você leve toda uma vida caminhando
se auto aperfeiçoando, reduzindo sua auto importância,
realizando mil conquistas e domínios diferentes,
escalando degraus na escala hierárquica da mestria de si,
e o ponto onde terá sido o bastante pode nunca chegar
porque este ponto nunca esteve em lugar nenhum em específico
e está e sempre esteve igualmente aqui e agora
Apenas um reconhecimento pode libertar
a profundamente humilde e devotada consciência de ser que assume a forma de um guerreiro
de sua vida de impecabilidade intentada
E este reconhecimento precisa transcender a esfera do tempo e do espaço. Tem de ser o reconhecimento de algo que sempre esteve aí, antes mesmo da ideia de tempo existir.

Mas a aventura no desconhecido é excitante,
e muitos querem aproveitar-e-sofrer bem ela antes de se desidentificarem completamente da forma.
Outras querem a liberdade total a todo custo nesta vida.
A esses e essas o chamado.”

(Jeremy Christopher, no grupo Xamanismo Tolteca)

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