Examinando os inimigos no caminho do conhecimento – Parte 3: O Poder

Quando um guerreiro supera a Clareza, ele desperta, recupera e começa a tornar funcional,

algo que antes estava dormente, esquecido, e ofuscado por ela e pelo Medo:
a sua segunda atenção, a sua percepção nagual.

“Há um poder incalculável ao alcance de nossos dedos”, disse o nagual Juan Matus,
e é a partir deste momento que o poder começa realmente a se tornar algo palpável.

Essa constatação pode ir crescendo aos poucos.

Até que, eventualmente, pra além de qualquer dúvida, o guerreiro se dá conta de que todas as possibilidades, mesmo aquelas que pareciam impossíveis para a sua racionalidade, estão efetivamente ao seu alcance.

Perceberá, como foi dito, que este não é um poder de faz de contas.

O que os toltecas chamam de segundo circulo de poder, ou segunda atenção, é o manejo do corpo energético.

Uma capacidade ampliada de manejar o próprio vínculo com a força ilimitada que é chamada de Intento.

O caminhante se torna então um feiticeiro ou feiticeira: alguém capaz de feitos que desafiam a lógica da razão.

Como diria o nagual Juan Matus, a pessoa começa calculando riscos, e termina estabelecendo regras.

Se perceberá sendo capaz de afetar as circunstâncias através da segunda atenção, e com isso poderá entrar em um novo tipo de ilusão.

É possível que, nesta hora, a pessoa perca sua sobriedade e deixe que o tonal assuma as rédeas deste poder.

Agindo assim, se entregará aos seus caprichos, e o poder se tornará um fardo.

Cego, não mais pela clareza, mas pela ilusão de que seu tonal realmente sabe o como controlar o poder que obteve.

E talvez cego, também, pela própria ideia de estar afetando o mundo ao redor.

Ao imergir na ilusão do poder, a pessoa deixa de aprender, e não chega realmente a Conhecer.

Desafiar o poder, requer, como alertam os novos videntes, perceber que o poder não é realmente nosso, enquanto tonais.

É, antes de tudo, o tonal quem pertence ao poder.

O nagual é quem guia, e é o aspecto da nossa totalidade realmente apto a orientar nossas escolhas.

Todo inimigo na trilha do conhecimento é uma ameaça que se apoia na importância pessoal.

O desafio do poder é que o homem ou mulher chegue à realização de que seu tonal não é capaz de saber com exatidão qual cenário é o melhor pra si, e para os outros.

O tonal não sabe como e quando seria a melhor maneira das coisas ocorrerem.

E portanto, não está capacitado a controlar o poder.

Ao realizar isso, e deixar o fardo do controle de lado, o tonal estará apto a ouvir a guiança do nagual.

A discernir a voz do nagual em seu coração, não em sua mente.

A discernir suas indicações através de sinais e sincronias.

E a saber assim, onde e como aplicar seu intento e agir, funcionando agora em sintonia com o nagual.

Neste ponto o poder estará sob controle: não mais do tonal, mas sim do ser total.

— J Christopher

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