A prática do silêncio interior vai de mão em mão com a prática de relaxar as tensões no corpo. A vida conturbada na mente desconecta nossa atenção do corpo e a dirige pro lado de fora ou pra pensamentos sobre coisas que não estão concretamente aqui.

Isso favorece pra que todo tipo de tensão permaneça no corpo, degradando a qualidade de vida no presente, sem que se dê a menor conta delas. De forma que a maioria de nós só consegue relaxar o corpo depois de descarregar toda a tensão em atividades físicas intensas, mas isso leva também no longo prazo à manutenção de um estado de tensão e ansiedade interno em todo o resto do tempo.

A arte de entrar em silêncio passa por um processo de se re-familiarizar com o corpo. Percebendo a necessidade (e prazer) de trazer a atenção de volta pra ele, uma e outra vez. Explorando o corpo com a atenção, e começando a reparar nas tensões automáticas mais óbvias, e pouco a pouco nas mais sutis, que estão espalhadas em diferentes partes dele sem que se estivesse se dando conta delas.

Cada uma dessas tensões tem uma intenção, um “fazer questão de algo”, por trás dela. E o ato de se conscientizar dessas áreas de tensão – junto com a disposição de abrir mão, pelo menos por alguns instantes, desse “fazer questão” – permite pro corpo descobrir como se relaxar daquilo. E o bem estar de se ver livre de uma tensão constante que até tinha passado a ser considerada natural é IMENSO. O corpo tem essa memória pois toda a noite se relaxa completamente ou quase completamente ao dormir. Quando essa tensão relaxa a mente TAMBÉM relaxa, sem que se precise lutar com ela diretamente, ou tentar controlá-la ou silenciá-la à força, o que de qualquer jeito não funciona.

O incremento de bem estar a cada nova tensão que se relaxa é tão intenso, tão drástico, que além de estimular mais e mais a atenção ao corpo, o guerreiro ou guerreira rapidamente descobre que muitas das coisas que acreditava que precisava mudar na própria vida pra que ela melhorasse são completamente desnecessárias: tudo que precisava era se livrar dessa tensão e do falatório que se sustentava em cima (da não-percepção) dela.

— J Christopher

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