“Um guerreiro não está em situação muito melhor do que o homem comum.

Ambos são seres luminosos que vão morrer.

Ambos são feitos de energia, e é a energia que importa no fim das contas.

Ambos estão presos as descrições e convenções que lhes foram ensinadas.

Ambos até precisam dessas descrições e convenções para viver .

Ambos vivem uma loucura, loucura essa que se mostra nos comportamentos e hábitos dos seres humanos.

A diferença é que o guerreiro sabe disso tudo e o homem comum não.

A única vantagem do guerreiro é que ele sabe que tudo é uma loucura, e tenta controlar essa loucura, estando consciente que é louco. O homem comum não sabe que vive uma loucura e muito menos que é louco. Nesses termos, a visão de mundo e de si mesmo do guerreiro é mais ampla e eficiente.

O guerreiro entende que a realidade é muito mais do que nossas descrições e suas mais loucas fantasias possam explicar, e finge que concorda com essas descrições para transitar melhor no mundo dos homens e tornar mais cômoda e funcional sua passagem por esse lindo planetinha, mesmo sabendo que existem muito mais coisas em jogo.

O homem comum se orgulha da sua realidade e de suas explicações, de seus feitos e modo de vida, acredita firmemente que sua descrição é única e imutável, se leva muito a sério na sua loucura, e chama de louco quem não concorda com ele.

A arte do guerreiro consiste em entender a complexidade, a irrealidade e o mistério da existência, e tentar transformar esse caos e essa loucura num assunto estratégico, num caminho a percorrer, mesmo sabendo que nunca irá entender a vida e os desígnios do grande Espírito..

Ele tenta controlar sua loucura, para não se perder na loucura geral dos outros.

Usando os 4 princípios da arte da Espreita, ou seja, sendo gentil, paciente, sagaz e implacável, tanto consigo mesmo, como com os outros, tudo isso alicerçado por sua sobriedade e impecabilidade, e empurrado pela sua vontade e intento inflexível, o guerreiro vai se movimentando no teatro mágico da vida tentando controlar sua loucura.

Num ato aparentemente contraditório de controle e entrega, o guerreiro dá o seu melhor e coloca o resultado de suas ações na mão do Infinito.

É o seu modo de percorrer seu caminho com coração.”

(Juan Tuma)

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