Espelho que refletia a ilusão jaz, em pedaços, no chão….

Espelho que refletia a ilusão jaz, em pedaços, no chão
E eu, que me via com linhas claras, agora me dissipo e me dissolvo numa névoa sem forma
Paciência, sapiência, inspira, solta, caminha
Paz? Que nada!
Sentimentos e sensações se tornam cada vez mais intensos, assim como os desafios
Me sinto rasgado entre o presente e o passado, a vontade e o hábito, só e cálido
A solidão é um mar e, às vezes, um maremoto, que bate com tudo
Quando percebo, experiencialmente, que não existo, de fato, como sempre achei que existi
Fui abarrotado de ideias que traçaram os limites ilusórios do meu eu
Mas sou parte do próprio néctar da vida, e meu eu é apenas uma taça, que passa, do pó ao pó
Sinto assim, na síntese, uma clareza leve que leva embora a forma
E a solidão de não existir revela Um presente emaranhado
Um fluxo eterno do néctar da vida por taças que passam
Sendo a vida nectar, e as taças, sonhos, faço da magia de sonhar, a minha alquimia
Sendo a vida nectar, me desfaço da taça, e me revelo flor e beija-flor

Poesia: Lucas Flores
Ilustração: Irving Marcel

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