Pergunta: “A racionalidade é um inventário, e tipicamente humano?”
A racionalidade é uma região ou conjunto de posições do ponto de aglutinação onde levamos ao extremo o impulso de fazer um inventário.
A racionalidade é, na verdade, um intenção. A intenção de acreditar que somos objetos sólidos em um mundo de objetos sólidos. Ao acreditar nisso, intentamos a continuidade dessa experiência, a fixação do ponto de aglutinação. E criamos uma separação entre o tonal e o nagual. O resultado disso é a compulsão por fazer inventários.
O inventário não é exclusivo da racionalidade.
Ele surge do impulso básico da autorreflexão. Todo ser consciente possui um grau de autorreflexão. Sem autorreflexão não haveria consciência. Todo ser consciente percebe que existe um “outro”, diferente de si mesmo.
A particularidade da racionalidade é que nos fixamos em nosso inventário. É a maneira do tonal tentar manter o controle e a fixação do ponto de aglutinação, recriando constantemente a mesma descrição do mundo e intentando que tudo o que ocorre seja consistente com essa descrição. Do outro lado da moeda, há o medo da aniquilação.
A racionalidade é tipicamente humana. Isso não significa, é claro, que todo ser humano seja racional, nem que não existam seres não humanos no infinito que sejam racionais.
Luno Maroscuro