“Ao observar as manhas da importância pessoal e o modo homogêneo com que ele contamina todo o mundo, os videntes tinham dividido os seres humanos em três categorias, às quais os novos videntes puseram os nomes mais ridículos que puderam conseguir:

Os mijões, os peidos e os vômitos. Todos nós cabemos em uma destas categorias.

Os mijões se caracterizam pelo seu servilismo, são aduladores, e fastidiantes. É o tipo de gente que sempre te quer fazer um favor, te cuidam, te previnem; têm tanta compaixão! Porem desta maneira mascaram o feito real, que não possuem iniciativa própria e por si só não chegam a nada. Necessitam de um comando externo para sentir que estão fazendo algo. E para sua desgraça, descobrem que os demais são tão amáveis quanto eles; por isso estão sempre chorosos, doídos e decepcionados.

Os peidos, ao contrário, são o extremo oposto. Irritantes, mesquinhos e auto-suficientes, constantemente se impõem e interferem. Uma vez que te agarram, não te deixam em paz. São as pessoas mais desagradáveis com quem possas topar. Se estiveres tranqüilo chega então o peido e te envolve em seu falatório, e te usa o máximo possível. Tem um dom natural para ser mestre e lideres da humanidade. São os que matam pelo poder.

Entre ambas categorias estão os vômitos. Neutros, não se impõem nem se deixam orientar. São presumidos, ostentosos e exibicionistas. Dão a impressão de que são grande coisa, porem não são nada. Tudo é alarde. São caricaturas de pessoas que acreditam em si demasiadamente, mas se você prestar atenção, se desfazem em sua insignificância.

Alguém do público perguntou se pertencer a uma destas categorias era uma característica obrigatória, ou melhor, uma condição inerente de nossa luminosidade. Ele respondeu:”Ninguém nasce assim! Nós nos fazemos assim! Caímos em uma ou outra destas classificações por causa de algum incidente mínimo que nos marcou quando crianças, como pode ser a pressão de nossos pais ou outros fatores imponderáveis. A partir daí, e a medida em que crescemos, nos vamos involucrando em defesa do eu, que chega um momento em que já não recordamos o dia em que deixamos de ser autênticos e começamos a atuar. Quando um aprendiz entre no mundo dos bruxos, sua personalidade básica esta tão formada que nada pode fazer para anulá-la e só lhe resta rir de tudo isso”.

“Porém, apesar de não fazer parte de nossa condição congênita, os bruxos podem detectar o tipo de importância que nos concedemos através de seu ver, porque amoldar nosso caráter durante anos produz deformações permanentes no campo energético que nos rodeia”.

Seguiu explicando que a auto-importância se alimenta da mesma classe de energia que nos permite ensonhar. Para tanto, perdê-la é condição básica do nagualismo, pois libera para nosso uso um excedente de energia. Alem do mais, sem esta precaução, o caminho do guerreiro poderia nos converter em aberrações.

(Encontros com o Nagual, Armando Torres)

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