Diário de Hermenêutica Aplicada – Como praticar a Tensegridade

Os passes mágicos eram tratados pelos xamãs do México antigo como algo único, não como exercícios para desenvolver a musculatura. Don Juan descrevia a “magia” dos movimentos como uma mudança sutil que os praticantes experimentam, um “toque do espírito” que restabelece uma ligação não utilizada com a força vital. “Por causa dessa qualidade”, dizia don Juan, “os passes devem ser praticados não como exercícios, mas como uma forma de chamar o poder”.

A Tensegridade, a versão modernizada, é ensinada como um sistema de movimentos para um ambiente moderno. Don Juan, seguindo a tradição dos feiticeiros, saturou a memória cinestésica de seus discípulos com uma profusão de movimentos. Sua tese era que, se eles continuassem praticando apesar da confusão, alcançariam o silêncio interior. No silêncio interior, tudo se torna claro, e um praticante sabe exatamente o que fazer com os movimentos sem orientação.

“Os seres humanos estão em uma jornada de consciência, que foi momentaneamente interrompida por forças extenuantes”, dizia don Juan. “Acredite em mim, somos viajantes. Se não temos a viagem, não temos nada”.

A Tensegridade deve ser praticada com a ideia de que seu benefício vem por si só. No nível iniciante, não há como direcionar o efeito dos passes. O objetivo da saturação com movimentos é levar o praticante ao silêncio interior, de onde ele poderá decidir o próximo passo.

(Carlos Castaneda, O Caminho do Guerreiro – Um Jornal de Hermenêutica Aplicada)

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