Os feiticeiros do México antigo sustentavam que a execução dos passes mágicos leva o corpo a uma realização transcendental: que, como conglomerados de campos de energia, os seres humanos são mantidos juntos por uma força vibratória e aglutinadora. Don Juan Matus enfatizou que a execução dos passes mágicos era o único meio de se tornar plenamente consciente dessa força de ligação vibratória.
Sua tese era que essa força vibratória é semelhante ao que os astrônomos acreditam que acontece no núcleo das galáxias. Don Juan disse que os feiticeiros de tempos antigos sabiam que os seres humanos são mantidos juntos por uma vibração que torna tudo ao mesmo tempo vivo e no seu devido lugar.
Don Juan explicou que esses feiticeiros se tornaram capazes de lidar com essa força vibratória uma vez que se tornaram plenamente conscientes dela. Por exemplo, eles eram capazes de dissolver sua massa física colocando sua plena consciência e intento nessa força. Seu descontentamento, no entanto, era que, uma vez dissolvida sua massa, sua capacidade de agir também se dissolvia, o que levou a uma falha fatal: uma obsessão em controlar a força.
Os praticantes de hoje optaram por se tornarem conscientes dessa força sem outro propósito além da elegância e do bem-estar trazidos pelo conhecimento. O único uso permitido para essa força, segundo don Juan, era sua capacidade de fazer os feiticeiros queimarem por dentro quando chega a hora de deixarem este mundo.
(Carlos Castaneda, O Caminho do Guerreiro – Um Jornal de Hermenêutica Aplicada)
