A terceira premissa do caminho do guerreiro é: A PERCEPÇÃO DEVE SER INTENTADA EM SUA TOTALIDADE. Don Juan dizia que percepção é percepção, e que é desprovida de bondade ou maldade. Qualquer percepção deve ser catalogada como percepção em si, sem lhe infligir valor.
Quando Castaneda apresentava contra-argumentos, don Juan dizia que eram apenas palavras, enquanto seus próprios pontos eram “referências precisas de meu livro de navegação” — um diário de todas as coisas que os feiticeiros percebem em suas jornadas ao infinito. “No infinito, os feiticeiros encontram poucos pontos essenciais. As permutações desses pontos essenciais são infinitas, mas… essas permutações não são importantes”. Os feiticeiros são capazes de reinterpretar o fluxo de energia sem a intervenção da mente.
“Quando se está livre da mente”, disse don Juan, “a interpretação dos dados sensoriais não é mais um fato consumado. O corpo inteiro contribui para isso; o corpo como um conglomerado de campos de energia”. A parte mais importante desta interpretação é a contribuição do corpo energético, o gêmeo do corpo em termos de energia. A interação entre os dois corpos resulta em uma interpretação que não é nem boa nem má, mas uma unidade indivisível. Quando os dois lados do homem se unem, a liberdade acontece.
Uma premissa essencial do caminho do guerreiro é, portanto, que a percepção deve ser intentada em sua totalidade; a reinterpretação da energia direta deve ser feita pelo homem em posse de suas duas partes essenciais: corpo e corpo energético. Essa reinterpretação, para os feiticeiros, é a totalidade e… ela deve ser intentada.
(Carlos Castaneda, O Caminho do Guerreiro – Um Jornal de Hermenêutica Aplicada)