A segunda premissa do caminho do guerreiro é chamada NÓS SOMOS O QUE NOSSA ORIGEM É. Esta é uma das premissas mais difíceis do caminho do guerreiro, porque é quase impossível para qualquer um de nós admitir certas condições a nosso respeito.
Don Juan Matus explicou: “Uma das coisas mais sérias que os guerreiros fazem é buscar, confirmar e realizar a natureza de sua origem. Os guerreiros devem saber, com a maior precisão possível, se seus pais estavam sexualmente excitados quando os conceberam, ou se estavam meramente cumprindo uma função conjugal. Os feiticeiros acreditam, sem sombra de dúvida, que as crianças concebidas de maneira civilizada são produtos de uma… foda muito entediada”. Os feiticeiros afirmam que tais crianças são carentes, fracas, instáveis e dependentes. Elas buscam, por toda a vida, aquela excitação original da qual foram privadas.
Depois de ouvir que era uma “foda entediada”, Castaneda perguntou o que poderia fazer. Don Juan explicou que a primeira manobra é tornar-se um avarento de energia, porque uma F.E. não tem energia para desperdiçar. A abstinência era a resposta, não por razões morais, mas como a única maneira de armazenar energia suficiente.
“Os feiticeiros dizem”, continuou ele, “que é possível transformar uma F.E. em algo inconcebível. É apenas uma questão de intentar; quero dizer, intentar o inconcebível. Para fazer isso… deve-se usar qualquer coisa que esteja disponível, absolutamente qualquer coisa”. Uma sensação, uma memória, um desejo, um impulso; talvez medo, desespero, esperança; talvez curiosidade.
(Carlos Castaneda, O Caminho do Guerreiro – Um Jornal de Hermenêutica Aplicada)