Nota do autor: Para fins de elucidação, é necessário que a linguagem seja usada neste jornal em seu escopo mais completo permitido. O discurso dos feiticeiros, por outro lado, será reproduzido como foi declarado.
Na primeira edição deste jornal, a intencionalidade foi definida como “o ato tácito de preencher os espaços vazios deixados pela percepção sensorial direta, ou o ato de enriquecer os fenômenos observáveis por meio da intenção”. Esta definição é uma tentativa de se afastar das explicações filosóficas padrão de intencionalidade. O conceito de intencionalidade é de importância fundamental para elucidar os temas da feitiçaria, como tópicos legítimos para o discurso filosófico.
Na disciplina da filosofia, intencionalidade é um termo usado pela primeira vez pelos Escolásticos na Idade Média. O termo foi reestruturado no final do século XIX por Franz Brentano, um filósofo alemão, cuja principal preocupação era encontrar uma característica que separasse os fenômenos mentais dos físicos. Ele afirmou que apenas os fenômenos mentais contêm objetos em si mesmos por meio da intencionalidade.
Na disciplina da feitiçaria, existe uma entrada chamada o chamado do intento. Refere-se à definição de intencionalidade que foi dada neste jornal. Os feiticeiros sustentam, como Brentano intuiu, que o ato de intentar não está no domínio do físico. O intento, para os feiticeiros, transcende o mundo que conhecemos. É algo como uma onda energética, um feixe de energia que se liga a nós.
(Carlos Castaneda, O Caminho do Guerreiro – Um Jornal de Hermenêutica Aplicada)