“Uma era só acaba quando o rei cai” (Nagual J Matus, O lado ativo do infinito)
O reinado da forma humana só se encerra quando o sentimento “eu sou uma pessoa” é destronado.
A fixação do ponto de encaixe faz parecer que o sentimento de ser uma pessoa é um fato inegável, lógico, racional e definitivo.
E a totalidade do ser se deixa aprisionar dentro desse sentimento.

Não há nada de errado em ter a experiência de ser uma pessoa. Mas a forma pessoal é uma forma temporária, e quando perdemos totalmente de vista que isso é um sonho, não só entramos na roda do sofrimento, como também adiamos ou até desperdiçamos de vez a oportunidade que essa existência passageira oferece de nos lembrarmos de nós mesmos e passarmos a sonhar esse sonho com lucidez.

Uma vez que esse sentimento de ser uma pessoa é acreditado sem nenhuma reserva, uma vez que nos entregamos a ele, isso dá um cheque em branco para que a nossa atenção seja consumida pela importância pessoal e todos os seus dramas.

A consciência de ser precisa ter atingido uma certa maturidade para estar pronta pra destronar a forma humana.

Ela precisa ter provado a variedade da experiência humana.
Não em quantidade, mas em qualidades.
E ter visto através dela.

Caso contrário, mesmo que a consciência pare o mundo,
tome consciência de si,
e se liberte por alguns instantes,
algum anseio não realizado irá capturar novamente o interesse e a atenção, e aprisionar a totalidade do ser, novamente, na experiência de ser uma forma dentro de si mesma.

Continuará com o sentimento de ser um ser imperfeito que precisa evoluir e se aperfeiçoar… buscar novas experiências… satisfazer antigos desejos… e procurar professores e autoridades que lhe orientem sobre o que fazer pra atingir a verdade… que até pode já ter descoberto, além de qualquer dúvida, mas na qual ainda não aprendeu a confiar.

Luno Maroscuro

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