Remexer nas camadas de nossas vidas pode parecer algo doloroso e assustador, por isso, adiamos o quanto podemos a decisão de intentar isso deliberadamente. Pois estejamos cientes de que a vida estará provocando isso frequentemente, mexendo nas nossas feridas e espelhando intentos inconscientes que reproduzimos, mesmo contra nossas resistências à olhar pra dentro de nós mesmas.

Quando os acontecimentos do mundo e as ações das pessoas tocam em nós de alguma forma, é sempre uma oportunidade do Espírito para olharmos para aquilo que foi tocado. Isso, ou podemos negar, projetar, desviar atenção, tentar mudar de humor e direção sem dar-se tempo e espaço para SENTIR. Deixar pra resolver depois ou fingir que nunca existiu.

Tememos sentir, pois acreditamos que não somos capazes de suportar a dor que pode haver dentro de nós. No entanto, o peso da dor é proporcional a insistência em ignorá-la. Quanto mais represar o fluxo do sentir, quanto mais tentar controlar, mais peso se acumula ali.

Por mais assustadora que possa parecer a forma dos sentimentos, por baixo deles há apenas energia. Quebramos a barreira da ilusão da forma e peso dos sentimentos, a ilusão da separatividade, quando reunimos intento para encará-los, olhá-los e ouví-los por tempo o suficiente até que se dissolvam na consciência.

Veja bem, permitir-se sentir realmente é diferente de entregar-se aos discursos do diálogo interno. Na verdade, o diálogo interno e a auto importância ganha força justamente em nossa resistência a nos conectar com o sentir. Essa resistência está baseada em intentos que aprendemos a absorver inconscientemente. Na fragmentação de nossos lados direito e esquerdo, masculino e feminino.

Em muitos momentos estamos perto de acessar uma emoção e percepção represada pelo ego, mas então a mente-ego nos diz que não seremos capaz de suportar, ou que isso não é importante, e acreditamos nessa sugestão. Em seguida nos apoiamos em qualquer auto afirmação ou sugestão da mente, que nos desvie daquele fluxo de alguma forma, que desvie-nos da verdade que estamos prestes a descobrir…a desnudar… uma barreira interior prestes a se dissolver…se aguentássemos um pouco mais.

O diálogo interno está apoiado na tensão que acumulamos. Ele usa coisas mal resolvidas em nós, as fragmentações da nossa consciência e história pessoal, e desvia nossa energia para falsas resoluções: faça isso e se sentirá novamente maravilhoso.

Mas a boa notícia é que a hora pra reaprender a SENTIR é aqui e agora, sim, agora mesmo. Começando a intentar conectar-se com as emoções. Concebendo que temos força necessária para isso.

Do que você está fugindo? O que está adiando? Pois chame-a ao seu encontro, convide aquilo que teme para conversar contigo, pra observar todas as reações que lhe causam, e sinta, observe, encare quanto tempo precisar…Deixe que as imagens e pensamentos surjam e passem, permita-se enxergar tudo o que há nesse alinhamento, chore, escreva, dance, chupe o dedo como um bebê, ouça seu corpo, permita que ele se expresse. Respire.

E faça tudo isso de novo, quantas vezes precisar.

Essas coisas não são você, essas formas e expressões não são você, mas ao mesmo tempo são partes suas, partes rejeitadas e desamadas, é sua energia fragmentada que precisa ser vista e sentida, até que se dissolvam de volta na sua totalidade.

Trata-se de um grande encontro consigo mesma.

Um encontro onde suas partes recordam-se da totalidade.

Não há o que temer.

— Satu Loa

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